segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

#45 - Sobre as afinidades e o apocalipse

"Um Lugar-Comum"
Podemos dizer que estabelecemos um vínculo a partir do momento em que o olhar se cruza.
Essa captação de energias, tem a capacidade de nos transformar, de nos fazer pensar, questionar. 
Sinto-me muitas vezes, nestes momentos imaginários. Momentos esses, de uma reciprocidade desmesurável. 
Somos perfeitos, não temos problemas nem preocupações.

Isto pode acontecer, das formas mais simples. 
Com um simples observar de uma raio de luz que atravessa uma folha de Adão, ao miado do gato que não mia, ao degustar de um bom vinho tinto, ao som que flutua em nós.

Ouve uma vez apenas, em que me levou ao lugar-comum.
Foi neste lugar-comum, que me (re)conheci. Em que me cruzei, que me esqueci quem era e sonhei com a pessoa simples e descomplicada que poderia vir a ser.

Quando deixo, invadem-me. 
É bom que isso aconteça, de quando em vez. Permite-nos saber mais sobre nós, sobre as nossas falhas, medos, vontades e apetites.

De quando em vez, é bom sonhar, é bom cair. 
Mas, de quando em vez, era melhor ficar hirta, e deixar a teimosia e a loucura de lado.

Fatidicamente, aconteceu-me estar no lugar-comum, sobe um véu de chuva, penumbra e fome. E como todos sabemos, quando a fome se junta com a vontade de comer… ou se transforma o lugar-comum, num poderoso altar ou num prazer final.

Ás vezes é assim, não funciona. E é ali mesmo que termina. 
Noutras, até funciona, mas sem saber-mos porque, e não temos de saber tudo, para o outro não somos nós. 
E é nessa altura que tudo se torna no apocalipse, e o mundo desaba. 
Não estamos preparados, nunca estamos quando o sentimento é verdadeiro. Durante dias, não dizemos palavra, até que por fim nós, seres humanos, não temos força para suportar a dor e fugimos.

Ainda no outro dia o Michel Maffesoli, dizia que temos duas hipóteses: ou vivemos na era do apocalipse ou vivemos com a ideia que a quimera irá chegar.

Tendo em conta esta minha afinidade falhada, naquele lugar-comum, cada vez mais, acredito que prefiro viver no apocalipse do que viver com medo da tormenta que virá.
É-me mais fácil acreditar que a bonança é o que virá a seguir. Até porque na realidade, acredito que colherei tudo o que plantar. E nesse dia irei sentir-me abençoada por esta experiência única naquele lugar-comum.


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