quinta-feira, 10 de novembro de 2011

#27 - Diário duma Mulher

Meu rosto já tem vincos de cansaço.

Murcharam como as rosas minhas faces.

Já não posso estreitar-te num abraço,

sem temer, meu Amor, que não me abraces!

O luar nos meus olhos fez-se baço.

Meus lábios, se algum dia tu beijasses!...

Meu passado, porém, morreu no espaço,

qual nuvem que em chuvisco transformasses!

O futuro não tem de que viver.

O amor — raízes mortas que não nascem —,

os sonhos, estão como se embarcassem


num cruzeiro de calma, sem saber que o é...

Mas essa calma hoje é sinónimo

de um sentimento misterioso, anónimo...



Isabel Gouveia, in "Atrás do Tempo"

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